A mulher possui um conjunto de habilidades naturais, que são amplamente utilizadas em suas relações, sobretudo nas pessoais. Ela sabe administrar o tempo e desempenha vários papéis ao mesmo tempo. No campo profissional, tem um estilo próprio de gestão: além de pensar no cliente, pensa também no seu funcionário e na família do seu funcionário. O seu aspecto humano coincide com a necessidade cada vez mais real de as empresas superarem as expectativas do cliente por meio de um relacionamento próximo e atencioso.
Entretanto, apesar de suas várias qualidades, a mulher ainda participa pouco de cargos de alta administração. Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, realizada em parceria com a Universidade de São Paulo, revelou que as mulheres ocupam apenas 6% dos assentos de conselhos de administração e 7,5% das diretorias de empresas brasileiras. O levantamento analisou 73.901 cargos de ata administração de 837 companhias do país, referentes ao período de 1997 a 2012. Os dados revelaram que a presença das mulheres nessas funções se manteve estagnada nos dez anos anteriores à realização do estudo.
Esta não é uma realidade somente do Brasil. No mundo, segundo a pesquisa “Women in Business 2015”, da consultoria Grant Thornton, apenas 22% dos cargos de alto escalão são ocupados por mulheres. Em 2004, esse número era de 19%. O crescimento de apenas 3% em 10 anos indica o quanto a inclusão feminina em cargos de alta gestão caminha a passos lentos.
O levantamento aponta várias causas para esse fenômeno. Uma delas é a maternidade e a assistência à família, que exigem que a mulher sacrifique sua vida profissional. Outro motivo é o preconceito de gênero, que insiste em contestar a competência feminina para desempenhar cargos de gestão. E justamente por estarem distantes de funções estratégicas, as mulheres possuem uma rede de networking menor que a dos homens, o que alimenta o círculo vicioso que as distanciam da liderança empresarial.
Para transformar essa realidade, é necessário o empenho de todos. Entre tantas outras iniciativas urgentes, compete ao governo estabelecer infraestrutura e legislação necessárias para incentivar o empoderamento feminino; às empresas investir em programas de tutoria e buscar parcerias para apoiar mulheres líderes; à sociedade combater a estigmatização dos homens que assumem tarefas domiciliares e de cuidados com os filhos; e, claro, às mulheres sairem de suas zonas de conforto e se apresentarem com competitividade aos cargos mais altos.